quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

No Rio

A longa viagem pelas terras lusas teve seu fim no dia 21 de dezembro.
Volto para casa, hemisfério sul em início de verão e tento achar minhas coisas espalhadas por duas casas, empacotadas em sacos, caixas, fundos de armários e de gavetas. Descubro muitas e muitas coisas que tenho e que não fizeram a mínima falta durante o ano. O que faço com elas agora?
Da janela do minha casa ainda vejo o morro dois irmãos, que continua no mesmo lugar. E vejo também as enormes flamboyants floridas na rua lá embaixo.
Fim do blog.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Boca do Inferno




Na boca do inferno, em Cascais, as águas do mar batem com toda força nas paredes das falésias. É um paredão enorme, firme, rijo, mas que apanha continuamente das águas. As pedras inferiores são repetidamente engolidas, às vezes em movimentos ríspidos, às vezes de forma insinuante e delicada, quando a água abraça a pedra e a deixa surgir num respiro aliviado.

A impressão de que o encontro do mar com a pedra poderia ser poético é equivocada. A pedra é estável e impassível, segura e firme, tendo como único movimento as luzes que marcam as irregularidades da textura, provavelmente provocadas pelo repetido bater das águas. O mar ora está manso e plácido, ora está conturbado e agressivo. Essa mudança pode se dar em segundos. Mas, independentente da maré, da lua e dos ventos, o encontro da água e da pedra sempre causa espuma.

O mar é a água que é fogo. Nunca poderá dar certo esse encontro, mas eles continuam lá, se deliciando e se confrontando, até que o mundo acabe.