Hoje, finalmente, terminou definitivamente minha experiência SEF, bastante traumática, diga-se de passagem.
A estória é muito longa, começou em fevereiro, um mês depois da minha chegada, mas só vou contar o final, a parte da Alice.
Depois de muitas idas e vindas, no dia 15 de abril consegui entrar com os papéis da Alice pedindo o visto de residência temporária por regarupamento familiar. Disse-lhes que viajaria com Alice para Madrid, a trabalho, no início de junho e se, portanto, seria necessário pedir urgência no processo. Perguntei isso aos funcionários de 4 dos inúmeros guichês pelos quais passei. A resposta foi sempre a mesma:
- nãããõ!!! não é necessário, é um processo de criança, a documentação está toda OK (foi checada por cada um dos inúmeros guichês pelos quais passei): 45 dias é mais do que suficiente para vocês receberem o documento em casa.
Pensei comigo: vou duvidar.
Depois da segunda semana, olhava todos os dias a caixa de correio, às vezes mais de uma vez. Quando tocava a campanhia, meu coração dava um pulo: CHEGOU!!!! Logo descobri que a máquina de secar roupas toca uma campanhia parecida com a do interfone...
No dia 13 de maio, seguindo uma intuição que se revelou uma percepção do invisível, resolvi ir ao SEF para saber como andava o processo. Eu ingenuamente pensava em ouvir a resposta: foi encaminhado no dia tal...
Chegando lá, a Doutora Isabel olhou-me com aquele rabo de olho:
- mas então, ainda não tens o documento da menina???
- não, Doutora, ainda não o tenho e vou viajar em poucas semanas. A Doutora faria a gentileza de olhar no SISTEMA como anda o processo?
Ela foi lá, a passos lentos e voltou assustada:
- mas o processo da menina ainda está no Jurídico.
Ou seja: mais de um mês parado LÁ no SEF.
- deixe-me anotar seu telefone e te dou uma resposta.
Não houve telefonemas.
Na segunda-feira seguinte, dia 18, voltei ao SEF. O processo ainda estava lá. Ela levou o caso ao Inspetor Geral que, muito gentilmente, o liberou sem maiores confusões e o processo seguiu, virtualmente, para a Casa da Moeda, onde se produzem e expedem os ditos cartões de residência. A Doutora falou:
- agora é só esperar em casa, está tudo certo.
Pela minha experiência, demora cerca de 15 dias a chegar em casa. Passados 18 dias, nada do cartão chegar.
Retornei ao SEF ontem dia 3 de junho, e a Doutora novamente me olha com aquele rabo de olho: "não aguento mais este caso..."
- A Doutora faria a gentileza de olhar o SISTEMA como anda o processo da Alice?
O cartão havia sido encaminhado naquele mesmo dia 18 e desde o dia 26 estava PRONTO na Casa da Moeda, mas não havia sido encaminhado pelo correio. A Doutora falou-me:
- aguarde um pouco porque o Inspetor está ocupado no momento; vou pedir-lhe que ligue para a Casa da Moeda para saber do cartão da Menina.
Aguardei 40 minutos. Respondeu-me:
- A Doutora não está com sorte mesmo. A pessoa responsável lá não se encontra no momento. Dê-me o seu telefone novamente.
Desta vez ela ligou:
- pode vir buscar o cartão da Menina hoje a partir das 4 e meia.
Resolvi ir hoje, dia 4 de junho, na parte da manhã.
Surpresa: chegando lá, depois de aguardar uns 15 minutos em pé, o Inspetor pediu imensas desculpas, mas o motorista que ontem havia ido buscar o cartão da Menina voltou sem ele, pois não o haviam encontrado, mas que hoje logo cedo já tinha telefonado para lá, o cartão havia sido lcoalizado, e que eu esperasse uma hora, uma hora e meia, para o motorista chegar. A Doutora falou-me:
- a Doutora (eu) já está acostumada... Trouxe o computador para trabalhar?
Resolvi ir à Biblioteca enquanto isso. Voltei 12:15 e supresa:
o cartão estava LÁ!
A sensação que tive depois que saí é que tinha feito um ritual de sacrifício aos deuses. Tive que literalmente arrancar a unhas o cartão da Alice do SEF. A analogia é com as vísceras de um mamífero: abre-se a barriga e, com as duas mãos em forma de garras, retira-se com respeito, mas muita determinação, um bolo de órgãos indistintos, com o sangue escorrendo pelas mãos até o chão.
Foi uma experiência mística essa que eu tive com o SEF.
Devo agradecer aos céus???
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Quanto mais violenta a experiencia melhor o texto?
ResponderEliminarIsso quer dizer que o texto está bom?
ResponderEliminarA experiência SEF ainda vai valer um texto kafkaniano. Dá muitas páginas de surrealismo burocrático!